Caminhando...
 
15
Ago 11

(imagens retiradas da internet)

  

“Às vezes ouço passar o vento, e só de o ouvir passar, sinto que vale a pena ter nascido.”

Fernando Pessoa

 

 

Sentir o calor do sol no rosto. Ver as diferentes tonalidades da Natureza. Ver e ouvir o mar a embater nas rochas e acompanhar o seu movimento. Sentir o cheiro dos eucaliptos. Contemplar o azul do céu. Atravessar uma estrada, mesmo pelo meio da Serra, e sentir um abraço da Natureza. Sentir o vento fresco de uma noite de Verão e aproveitar a calma que esta altura do dia nos oferece.

 

Só por isto já vale a pena estar aqui. No entanto, para além da beleza da Natureza, temos o prazer de ter muito mais para ver, sentir e desfrutar. Temos as interacções, as conversas, os afectos, e muito mais. Sortudos que somos!

04
Ago 11

 (imagem retirada da internet)

 

“O dia natural tem 24 horas, as quais, divididas em três partes, segundo as necessidades da vida, dão: oito horas para o sono, oito horas para as ocupações externas (como por exemplo, para tratar da saúde, para comer, para vestir, para recreações, para conversar com os amigos, etc. …) e oito horas para enfrentar as ocupações sérias, com ardor e alegria. Todas as semanas, por isso (sendo o sétimo dia completamente dedicado ao repouso), temos 48 horas destinadas ao trabalho; em cada ano, 2945; e em cada dez, vinte, trinta anos?

Se, em cada hora, se aprender um só teorema de qualquer ciência, ou uma regra de uma arte prática, ou uma história interessante, ou uma máxima sábia (e é evidente que isto se pode fazer sem nenhuma fadiga) que tesoiro de instrução se conseguirá adquirir?

Por isso, Séneca disse com razão: “Se soubermos fazer bom uso da vida, ela é suficientemente longa, e chega para levar a bom termo empreendimentos mais importantes, se se empregar toda bem. Tudo está em saber empregá-la bem.” ”

 

João Amós Coménio

 

 

6 de Agosto de 2011

 

Através da leitura de recentes posts em blogs amigos, tive conhecimento que a blogosfera perdeu um residente. Não conhecia o Rolando Palma, mas não consigo ficar indiferente à tristeza sentida por muitos de vocês, por isso, quero deixar-vos aqui um abraço de conforto.

07
Fev 10

(by tristinalyana)

 (imagem retirada da internet) 

  

Na passada sexta feira, estava no meu compromisso matinal e vejo a dirigir-se para mim um casal de aproximadamente 60 anos. Ao atende-los, depois dos habituais e educados cumprimentos, a senhora muito sorridente diz-me que os livros que levava eram um presente do marido para o dia dos Namorados.

Ao arrumarmos as coisas, vejo a senhora a falar com o marido com muita ternura. Este, com um belíssimo sentido de humor, notei que tinha os movimentos um pouco limitados daí que, precisou de ajuda para conseguir levar as coisas.

Ao pagar as compras, a senhora diz ao marido que este tem de lhe escrever uma dedicatória nos livros. Mesmo dizendo que não gostava de escrever, o senhor sorri e lá diz que sim.

Depois de já estarem prontos para ir embora, a senhora suspira e diz-me que, todos os dias agora valem ouro e, talvez de forma egoísta, queira aproveitar todos os momentos que tem a dois, de modo a construir mais e mais memórias. Sempre o considerou mas, mais especialmente agora pois tinha sido diagnosticado há um ano, Alzheimer ao marido.

Já com os olhos rasos de água, a senhora comenta que a vida é realmente muito breve e incerta e que apenas lhe restava juntar aos 40 anos juntos, mais memórias e bons momentos, enquanto o marido a reconhece, bem como tornar os seus dias o mais digno e especial possível.

Ao despedirem-se mim, foram-se embora de braço dado, sendo que, a senhora nunca tirou o sorriso do rosto.

 

Esta história deixou em mim um misto de sentires. Primeiro, de compaixão para com ambos, depois ternura e admiração pelo facto da senhora, com todos os motivos para se deixar ir abaixo, não o fez. O seu objectivo principal é aproveitar a companhia do marido enquanto este mentalmente está cá, fazendo questão de o fazer com um imenso sorriso no rosto.

Admiro de sobremaneira estas pessoas que, mesmo sabendo o que gradualmente irá suceder, conseguem focar-se e viver o mais intensamente possível, o Agora.

 

É com estas situações que, surge uma redobrada vontade de abraçar, beijar, valorizar e aproveitar a estadia e presença dos nossos. Que não deixemos de o fazer diariamente!  

01
Dez 09

 Caminho de cores

(imagem retirada da internet)

 

"Caminho: faixa de terra sobre a qual se anda a pé. A estrada distingue-se do caminho não só por ser percorrida de automóvel, mas também por ser uma simples linha ligando um ponto a outro. A estrada não tem em si própria qualquer sentido; só têm sentido os dois pontos que ela liga. O caminho é uma homenagem ao espaço. Cada trecho do caminho é em si próprio dotado de um sentido e convida-nos a uma pausa. A estrada é uma desvalorização triunfal do espaço, que hoje não passa de um entrave aos movimentos do homem, de uma perda de tempo.
Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente."


Milan Kundera, in "A Imortalidade"

publicado por Caminhando... às 20:41
15
Out 09

(imagem retirada da internet)

 

"Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele."

 

Ricardo Reis, in "Odes"

publicado por Caminhando... às 22:04
08
Out 09

Em tempos, apresentei um trabalho para a disciplina de Ingles e, ontem lembrei-me dele ao falar com uma pessoa amiga.

Já partilhei convosco outro video que fiz - aqui.

Gosto sempre de relacionar pensamentos com palavras, pela simples razão de que, "Uma imagem consegue valer mais do que inúmeras palavras".

 

Está pequenino mas, julgo que dá perceber a ideia.

 

 

Acredito que é possivel manter algo durante muito e longo tempo, sendo essencial para que isso possa acontecer, haver investimento e entrega, constantes.

Acredito também que, muitas relações, amizades, etc, não dão resultado, pelo facto de, por vezes ao gostar muito, damos por garantida a outra pessoa, deixando assim de existir investimento no relacionamento.

E por vezes, mesmo valorizando todos os dias a presença de quem mais estimamos, a vida consegue fazer com que algo que nunca nos passaria pela cabeça que pudesse acontecer, suceda (tal como a morte de alguem proximo por exemplo.)

 

Daí que diga que, o "para sempre" seja muito subjectivo.

 

Amar, Valorizar, estimar, abraçar e beijar são por isso palavras que considero de extrema importância,  serem feitas a quem mais estimamos, Agora, pois o tempo é demasiado traiçoeiro...

Ocorendo algo mau/imprevisivel a algum dos nossos, que choremos pelo facto de não ter sido possivel dar mais, e não pelo que  não foi dado seja por falta de tempo, seja por falta de valorização e apreço. As memórias doiem, mas são sempre um conforto que se tem.

publicado por Caminhando... às 22:29
03
Out 09

(imagem retirada da internet)

 

“Todos os dias
nascem pequeninas nuvens,
róseas umas,
aniladas outras,
nacaradas espumas...

Todos os dias
nascem rosas,
também róseas
ou cor de chá, de veludo...

Todos os dias
nascem violetas,
as eleitas
dos pobres corações...

Todos os dias
nascem risos, canções...

Todos os dias
os pássaros acordam
nos seus ninhos de lãs...

Todos os dias
nascem novos dias,
nascem novas manhãs...”

 

Saúl Dias, in "Essência"
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