Durante muito tempo estiveste dentro de mim. Foste-te entranhando e fazendo com que tudo ficasse com menos cor a cada dia que passava.
Vieste e impuseste-te.
Chegou uma altura em que a tua presença me sufocava, não me deixando alcançar o objectivo da minha existência: Ser e Viver.
Consegui a pouco e pouco descolar-te de mim. Depois, durante um tempo não te quis perto, tive medo que te entranhasses de novo e que clareasses a cor que me rodeava. Pé ante pé, fui-me aproximando de ti e deixei que ficássemos lado a lado.
Bom poder agora ter a hipótese de escolher ou não a tua companhia. Fazes-me falta, mas só em alguns momentos dos meus dias.
Hoje, senti a tua falta e procurei-te. Dei-te a mão e lá fomos. Estivemos junto ao mar, junto do arvoredo e junto da paz.
És tu a solidão.
Em apenas momentos da minha vida a tua presença enriquece-me; em todos eles, enfraquece-me. Por isso, fica aí ao lado companheira e sempre que me fizeres falta, chamo-te e faremos com certeza boa companhia uma à outra.