“Se alguém se banha rapidamente, não deverás dizer: «Não se saiu bem.» Melhor será que digas: «Foi rápido de mais.» Se alguém bebe muito vinho, não deverás dizer: «É um erro.» Melhor será que digas: «Bebeu muito vinho.» Antes de teres apurado a razão que levou alguém a proceder daqueles modos, como podes tu saber, em boa verdade, se alguém procedeu bem ou mal? E só deste jeito, não correrás o risco de te pronunciar sobre situações falsas tendo-as como situações verdadeiras.”
Epicteto, in 'Manual'
No meu compromisso matinal, tenho a tarefa de atender o público. Neste tempo, por mim têm passado pessoas com diferentes feitios, maneiras de estar e ser, educações e estados de espírito.
Tenho tido a hipótese de atender pessoas que são uns reais doces de tão meigas e educadas que são e que fazem com que fiquemos com um sorriso tanto no rosto como no coração que dura e conforta durante bastante tempo.
Por outro lado, também atendo pessoas que, mesmo sendo tratadas com respeito e atenção, não correspondem da mesma forma, muito pelo contrário. Há situações que fazem com me sinta mesmo triste por ver um lado tão feio e frio no ser humano.
Muitas vezes são elevadas vozes e iniciadas discussões por razões infantis, parvas e insensíveis. A grande maioria das vezes estas discussões acontecem pelo simples facto de haver pessoas que não se colocam noutro lugar senão o seu.
Tanta discussão, feias palavras e elevações de voz podem ser evitadas se pura e simplesmente se tentar procurar as razões para além do que aparenta ser...