Nestes dias, tive conhecimento das obras do escritor brasileiro José Mauro de Vasconcelos. Procurei cá por casa e comecei por ler o “Doidão”.
Há uns dias acabei de ler o “Veleiro de Cristal” e emocionei-me e derreti.
Citando o resumo presente no livro:
“Esta é uma história que se dirige aos leitores que sabem que existe alguma coisa além do quotidiano, que o mundo também pode abrigar o sonho, o maravilhoso, o diferente.
O menino Edu é um personagem que faz pensar e emociona, porque a sua imaginação é ágil e povoa o seu mundo de seres extraordinários que acabam por ter vida própria, aquela vida que está além do que os olhos vêem.
(…) A bordo do Veleiro de Cristal, nave brilhante que existe dentro de todos nós, é possível compreender melhor o que está ao nosso redor e perceber o que fica além, nos limites ambíguos do real e do irreal. Para o menino Edu, a companhia de amigos dedicados, alegres e brilhantes como o velho tigre de bronze, ou a sábia coruja Mintaka.”
Fiz imensas marcações no livro e, uma delas foi esta conversa entre o menino Edu e o seu amigo o tigre de bronze:
“ – Eu estava a pensar numa coisa enquanto me contavas a tua história. A diferença entre nós, as feras e os homens.
– Porquê?
–Nós somos mais rígidos e mais lógicos em certas coisas. Quando nasce uma cria defeituosa nós destruímo-la sem que ela sofra. Abreviamos cedo o grande sofrimento que ela teria de suportar mais tarde.
– Correcto. Mas eu não gostaria de ter perdido toda esta beleza da vida que os meus olhos me trouxeram até hoje. Apesar de tudo a vida é uma verdadeira beleza.”
Outra foi este diálogo novamente entre os dois, que aconteceu antes da operação de Edu:
“ – É duro dizer adeus.
(…)
– Sabes de uma coisa, Edu? Um dia eu prometo que irei buscar-te para uma viagem linda. E o veleiro será diferente porque poderá até voar.
– Falas a sério?
– Por que mentir a um amigo?
– Não é porque estás com pena de mim? Com pena porque vou fazer esta operação?
– Nada disso. Estou a falar porque sou teu amigo e mesmo longe vou estar sempre a pedir À Vida por ti...
– Ela está a caminho” (a tia Anna). “Adeus Gabriel.
– Adeus, meu filho que a ternura faça ninho no teu coração.
– E a viagem?
– Está prometida. Espera com todas as esperanças e fé na alma.
– Adeus, Gabriel.
– Adeus”
No fim, Edu acaba por falecer e despede-se da tia dizendo:
“ – Anna, por favor abra a janela que eu quero ver a noite. Na noite está o meu veleiro de cristal à espera para partir. Adeus.”
É mesmo um livro muitíssimo bonito e que nos toca. Um livro a reler!
Nota: Para quem o quiser ler, encontrei o livro online aqui!